PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS NO REINADO DE DOMICIANO
TITO FLÁVIO DOMICIANO
No ano 81 Domiciano (51-96d.C.) sucede o Imperador Tito, no início do seu
reinado foi benigno para com os cristãos, mas o final do seu reinado é marcado
por uma intensa perseguição sendo chamado por Tertuliano[1] de a outra metade
de Nero.[2]
Domiciano era um amante das tradições romanas e passou a ver
no Cristianismo, que em algumas regiões do Império havia ganho muitos
seguidores, uma ameaça para estas tradições. Nesta época o Templo de Jerusalém
não existia mais então Domiciano decidiu que todos os judeus deviam enviar às
arcas imperiais a oferta anual que antes mandavam a Jerusalém. Quando alguns
judeus negaram a fazê-lo ou mandavam o dinheiro ao mesmo tempo que deixavam bem
claro que Roma não havia ocupado o lugar de Jerusalém, Domiciano começou a
persegui-los e a exigir o pagamento da oferta. Já que ainda não estava
totalmente delimitada a relação do judaísmo com o cristianismo, os funcionários
imperiais começam a pressionar todos os que praticavam "costumes
judaicos". Assim se destacou uma nova perseguição que parece haver sido
dirigida, não somente contra os cristãos, mas também contra os judeus.[3]
A perseguição infligida por Domiciano não atingiu todo o
Império, somente a cidade de Roma e a Ásia Menor. Em Roma mandou executar seu
parente Flávio Clemente e sua esposa Flávia Domicilia, os acusando de ateísmo e
de costumes judaicos. Por adorarem um Deus invisível geralmente os cristãos
eram acusados de serem ateus. Provavelmente, Flávio Clemente e sua esposa
tenham sido mortos por serem cristãos. Estes são os únicos dois mártires
romanos no tempo de Domiciano que conhecemos pelo nome. mas vários escritores
antigos afirmam que foram muitos, e uma carta escrita pela igreja de Roma à de
Corinto pouco depois da perseguição se refere a "os males e provas
inesperadas e seguidas que sobrevieram a nós" (I Clemente 1).[4]
A ÁSIA MENOR ATUALMENTE CORRESPONDE A ATUAL TURQUIA
A pena capital não era a única punição imposta, pois puniu
sem motivo vastos números de homens honrados com exílio e confisco de suas
propriedades.[5]
Na ocasião desta perseguição, João era o último dos
apóstolos ainda vivo, segundo a tradição o Imperador deu ordem para que João
fosse trazido à sua presença, este fato aconteceu no ano 92, após ter sido
interrogado pelo Imperador e não negar a Cristo, o apóstolo João foi condenado
a ser mergulhado em uma caldeira fervendo. Esse gênero de suplício não era
desconhecido, e a história dos mártires nos mostra vários cristãos mergulhados
em caldeiras. No centro de todas as termas, mesmo nos grandes banheiros
particulares, havia uma grande bacia de formato circular chamada Caldarium,
rodeada de grades, dentro da qual estava colocado um reservatório de água incessantemente
aquecida por chamas subterrâneas que lhe abrasavam os lados. "A
temperatura dentro daquele reservatório era tão grande, diz Sêneca em uma das
suas cartas, que poder-se-ia condenar a ser queimado vivo algum grande
criminoso". (...) Porém, para espanto dos ímpios e júbilo dos cristãos,
João não morreu. Segundo a tradição de Clemente , " a caldeira ardente e
fumegante tornou-se subitamente em suave orvalho." Todas as ordens do
pretor, toda a cólera dos carrascos foi incapaz de fazer acender de novo a fornalha;
e, como uma águia, João saiu do seio das chamas remoçado e renovado.[6]
O apóstolo recebe então a pena que era comum a todo réu
poupado de morte, foi exilado para as fronteiras do Império, no seu caso foi
condenado a morar na ilha de Patmos [7] por causa do seu testemunho a respeito da
palavra divina[8], sendo nesta ocasião que escreveu o Livro do Apocalipse.
O APÓSTOLO JOÃO NA ILHA DE PATMOS
No final do seu reinado Domiciano era considerado um tirano,
e no dia 15 de setembro do ano de 96 foi assassinado dentro de seu palácio. Foi
sucedido por Nerva (30-98 d.C.), do qual os primeiros atos foi chamar os
banidos, os condenados por causa de impiedade[9]. Beneficiado por este decreto
o apóstolo João deixa a ilha de Patmos e volta para a cidade de Éfeso, onde
pastoreia a igreja desta cidade e morre aos 100 anos de idade.
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